História

Embora a fundação oficial da Mocidade Alegre tenha sido em 24 de setembro de 1967, sua história começa quase 20 anos antes. São seis décadas marcadas principalmente pelos fortes laços familiares entre seus integrantes e pelo reconhecimento, respeito e carinho por parte de sambistas de São Paulo e também de outras cidades. Essa é a história da minha, da sua, da nossa Mocidade Alegre, a Morada do Samba.

As raízes

No Natal de 1948, chegava a São Paulo – procedente de Campos (RJ) – com um pequeno grupo de amigos, Juarez da Cruz, que em pouco tempo teria participação fundamental no desenvolvimento do Carnaval de São Paulo.

Em 1950 Juarez, seu irmão Salvador da Cruz e mais dois amigos resolveram sair no Carnaval vestidos de mulher. Saíram no sábado e só voltaram na Quarta-feira, para desespero de suas esposas e filhos. Nos anos seguintes o bloco foi aumentando, com a presença de outro irmão, Carlos.

Em 1958, o então prefeito Jânio Quadros iniciou um projeto de recuperação dos bondes e ônibus da capital, com forte publicidade, e os coletivos reformados passaram a circular com os dizeres “Primeiros Bondes Recuperados pela Prefeitura”. Os integrantes do Bloco, num ato de grande irreverência carnavalesca, clamavam pela reabertura dos prostíbulos do Bom Retiro – fechados oito anos antes pelo governador Lucas Nogueira Garcez – onde trabalhavam as “mariposas”. E o bloco saiu com o nome de Bloco das Primeiras Mariposas Recuperadas do Bom Retiro, bairro em que Juarez e seus amigos moravam. Esse é um dos reais motivos para a notória proibição das mulheres no bloco, embora a maior parte dos componentes fosse casada.

Por imposição de um dos componentes do grupo, que se recusou a sair fantasiado de mulher, no ano de 1963, eles saíram de palhaços e percorreram a Avenida São João, onde a Rádio América promovia o Carnaval de rua com exclusividade. Enquanto o bloco passava em frente ao palanque armado próximo ao Cine Paissandu, o locutor Evaristo de Carvalho disse em alto tom: “É um bloco muito alegre, um bloco de sujos, como existem muitos no Rio de Janeiro…”.

Ao sentarem na esquina da São João com Conselheiro Crispiniano, aquela frase não saía de suas cabeças. Estavam no meio-fio, descansando, quando resolveram dar um nome ao bloco. Entre muitas sugestões o escolhido foi Mocidade Alegre, já que ao se apresentarem eles evocaram na lembrança do locutor os melhores tempos do Bloco Carnavalesco Mocidade Louca, de Campos e “alegre” foi o adjetivo usado para apresentá-los ao povo.

Outra grande novidade no Bloco das Mariposas, no mágico desfile de 1963 foi a presença, pela primeira vez, de uma mulher: Neide, esposa do Sr. Salvador Cruz, vestiu a fantasia de palhaço e foi para a avenida.

Juarez da Cruz trabalhava no supermercado Peg Pag desde 1955. No ano de 1964, um dos diretores, o francês François Bellot, casado com uma norte-americana, solicitou a presença do bloco em sua residência no carnaval do ano seguinte.

Em 1965 o bloco, agora com a participação de esposas e filhos, saiu de gregos. Entusiasmados, Bellot sugeriu a Juarez que aumentasse o número de componentes do Bloco e se preparasse para desfilar em Santos, onde a secretaria de turismo preparava um Carnaval de rua organizado – o que não ocorria aqui em São Paulo.

A rede de supermercados colaboraria, solicitando aos seus fornecedores de aves que cedessem as penas, o tema escolhido era índios astecas.

A lavanderia da organização cuidaria dos sacos de aniagem, antes embalagens de batatas, e que agora serviriam para a confecção das tangas. Os funcionários do departamento de Promoção cuidariam dos desenhos das fantasias dos índios latino-americanos.

Em 1966, foi escolhida a fantasia de espantalho. Para a confecção das fantasias foram comprados cetins, tafetás e sedas, recortadas posteriormente em tiras. O dinheiro foi arrecadado a partir de um livro de ouro assinado pelos diretores e fornecedores do Peg Pag e da rifa de um carro. Mas, ao passarem perto dos componentes de uma escola de samba no Ibirapuera, numa promoção da Rádio Record, alguns ouviram um comentário nada delicado. Mais ou menos isso, entre espanto e total surpresa: “Que escola é esta! Toda esfarrapada. Que mau gosto…”

A Questão é que os autores da maledicência não sabiam diferenciar uma escola de um bloco. E que os tais “farrapos” tinham custado mais caro do que suas pretensas luxuosas fantasias. Desde seu início, a Mocidade Alegre provocou os mais diferentes comentários, assim ocorreu em 1966, quando Phillipe Aladin, presidente do Supermercado Peg Pag, convidou o grupo para uma festa em sua residência. Os funcionários que não desfilavam no bloco dividiram-se em duas correntes, uma chamava os componentes de “puxa-saco” outra que criticava o presidente por ter recebido em sua casa um bando de “negros pinguços”.

Em 1967, o tema escolhido foi “Romanos”: os homens vestidos de gladiadores, com fantasias de pele de carneiros; e as mulheres tranças de damascos na cabeça.

A oficialização

A Federação das Escolas de Samba de São Paulo surgiu em meados de 1967, época em que o jornalista Moraes Sarmento convocou todas as escolas, blocos e cordões carnavalescos para organizarem o carnaval de 1968. As reuniões ocorriam no Paulistano, na Rua da Glória. Tendo como base o estatuto dos Acadêmicos do Peruche, foi feito o da Mocidade, que em 24 de setembro de 1967 se transformou em Grêmio Recreativo Mocidade Alegre, tendo como primeiro presidente o Sr. Juarez da Cruz. Além de Juarez, também participaram da fundação seus irmãos Salvador e Carlos Augusto, Ademar Nunes, Ailton de Paula (Gordo), Antonio Ciullada e José Maria do Nascimento.

Também foi fundamental, nessa fase, a participação do casal Mingo e Olga – esta viria a ser porta-bandeira da agremiação, Nely – por muitos anos a secretária da escola – e Laila Cruz, que era irmã de Juarez, Carlos e Salvador e esposa do fundador Antonio Ciullada.

A escolha das cores oficiais teve que obedecer a uma convenção de que seria uma combinação original, diferente das já existentes nas agremiações da cidade. Pedro Tambellini sugeriu o vermelho e o verde, cores complementares que permitem uma grande gama de tons dégradés; como símbolo da escola, criou-se um desenho de tradução literal: um casal de jovens (“mocidade”) tocando e dançando (“alegres”). O pavilhão oficial da agremiação foi defendido até o momento por apenas seis porta-bandeiras: Vera (1967 a 1969), Olga (1970 a 1977), Eneidir (1978 a 1981), Sônia (1982 a 2002) e Adriana (2003 a 2012) e Karina (desde 2013) – todas elas bailarinas incomparáveis, que construíram a tradição da Morada do Samba de trazer sempre grandes porta-bandeiras. De todos os casais de mestre-sala e porta-bandeira que protagonizaram essa tradição, um marcou profundamente a identidade deste quesito no carnaval paulistano: Murilo (que recebeu o título de “O Bailarino”) e Sônia. A graça e a elegância desse casal tornaram-se uma referência – até os dias atuais – para diversos casais de todas as agremiações.

Para o Carnaval de 1968, o tema escolhido foi “Índios do Brasil”. Como havia 180 componentes, mas todos pobres, o único recurso foi apelar mais uma vez para a direção do Peg Pag. Valeu a pena. Havia um carro alegórico representando as selvas brasileiras com uma cascata mantida a partir de um tanque d’água, movida por uma bomba a gasolina. Faróis de milha iluminavam tudo. A Mocidade estava pronta para desfilar às nove horas da noite.

Quando acabaram de chegar próximo ao Lord Hotel, Juarez foi procurado pelos componentes da Federação, que expuseram o problema: o Rei Momo que deveria abrir o desfile num carro dos bombeiros se atrasou e o carro já havia passado.Ele não poderia descer a avenida a pé, afinal era rei.

As crianças, representado os curumins, foram retiradas da plataforma e substituídas pelos quase 200 quilos do Rei Momo. O peso foi tão desproporcional que o motor deixou de funcionar, e com ele a cascata de águas límpidas. Terminada a apuração veio o resultado: Mocidade Alegre em 5º lugar, penúltima escola.

Naquela época os ensaios eram realizados nas ruas de Vila Mariana. Os quietos moradores denunciaram várias vezes os componentes à policia, dizendo serem marginais. O jeito foi transferir os ensaios para um terreno vago na Pompéia de propriedade do Peg e Pag, onde aos domingos se jogava futebol pela manhã, churrasco à tarde e à noite, os ensaios.

O batuque atraia aos poucos os grandes nomes do samba de São Paulo, que foram chegando e transmitindo conhecimentos, Dráusio da Cruz, da Escola de Samba Império do Samba de Santos, começou a ensaiar os passistas e ritmistas. Estreitando os laços entre as escolas, e a Mocidade Alegre ganhava assim a sua nobre madrinha.

Neste ano, 1969, o tema escolhido foi “Na Corte de Nero”. A Mocidade Alegre ganhou o primeiro lugar. Passou assim para o segundo grupo, transformando-se de bloco carnavalesco em escola de samba.

A Morada do Samba

A Morada do Samba, tradicional sede e quadra de ensaios da Mocidade Alegre, foi inaugurada no dia 17 de Julho de 1970 na Avenida Casa Verde, em um terreno onde antes funcionou um ferro-velho. O termo “Morada do Samba” foi criado por um integrante da escola chamado Argeu e sintetizava os principais objetivos da diretoria comandada por Juarez: abrir as portas da Mocidade para qualquer sambista, de qualquer co-irmã, qualquer pavilhão…um lugar para o sambista se sentir em casa.

Para levar a cabo essas intenções, Juarez contou com a colaboração do carnavalesco carioca Edson Machado, do paulistano Eduardo Nascimento e do santista J. Muniz Jr. Era o “trio de ouro”, que fez fortes intercâmbios e trouxe para a Mocidade Alegre relacionamentos estreitos com sambistas do Rio de Janeiro e de Santos. O portelense Candeia foi presidente de honra da ala dos Compositores da Morada por muitos anos, e o troféu que leva seu nome ainda hoje é oferecido aos sambas-enredo campeões. O intercâmbio com a Portela ia além, com outros compositores e diretores de harmonia que vinham do Rio de Janeiro para desfilar com a Mocidade Alegre.

Outros sambistas de renome protagonizaram os inúmeros encontros de sambistas que se deram na Morada do Samba: Jangada, Odair Fala Macio, Caveirinha, Souzinha, Marco Antônio e Sr. Beto. Este último teve participação fundamental na construção da Morada do Samba, que foi feita em regime de mutirão: Alberto Alves dos Santos (Sr. Beto, pedreiro por profissão), já tinha vivência no samba paulistano (foi um dos fundadores do Império do Cambuci). Ao ver as filhas de Juarez e Carlos com os pés atolados na lama, Seu Beto emocionou-se, resolveu aderir ao mutirão. Trabalhou de graça, por amor ao samba e desde então passou a dedicar-se somente à Mocidade Alegre.

O presidente Juarez criou, em 1972, o evento 24 Horas de Samba para comemorar os cinco anos de fundação da Mocidade Alegre. Notadamente, é um dos mais famosos aniversários de escola de samba do país, tendo como principal característica a confraternização entre escolas de samba de São Paulo e do Rio de Janeiro. Outros grandes eventos passaram a ser promovidos na quadra, tornando-se tradicionais: Terreirão do Samba, Eleição da Pantera Negra, Uma Noite na África, Uma Noite na Bahia e a Noite da Imprensa (esta última a mais concorrida: um mini-desfile com todas as fantasias que iriam para a avenida eram mostradas aos profissionais do rádio, da TV e dos jornais).

A rápida ascensão

A Mocidade Alegre conseguiu a proeza de ser tricampeã do carnaval paulistano logo após subir para o grupo principal. Em 1970, venceu o Segundo Grupo e, nos anos seguintes, já promovida ao Grupo de Elite, foi tricampeã em 1971, 1972 e 1973.

O sucesso desse tricampeonato gerou forte impacto na estrutura do carnaval paulistano, que passou a centralizar sua visibilidade no desfile das escolas de samba. Com isso, os três últimos cordões remanescentes – Vai-Vai, Fio de Ouro e Mocidade Camisa Verde e Branco – resolveram transformar-se, também, em escolas de samba.

A Mocidade foi a primeira escola paulistana a introduzir destaques sobre os carros alegóricos, adereços de mão e alas coreografadas. A Morada do Samba também teve a honra de ser a primeira escola de samba a ser convidada pelo Ministério da Cultura a representar o samba paulistano na Europa, viajando para a Ilha da Madeira.

A preocupação com a cultura também foi uma das características mais fortes da Mocidade logo nos primeiros anos. Tanto a difusão da cultura sambística para fora da escola como a absorção de repertórios culturais externos para enriquecimento intelectual da comunidade. Foi na década de 70 que foi implantado o Departamento Cultural, que teve no professor Ivo Rodrigues uma de suas figuras mais emblemáticas. grande número de homenagens e condecorações registra as diversas ações de diálogo da popular cultura do samba com o meio acadêmico passaram a acontecer, como o desenvolvimento de enredos com profundo teor erudito – como Gamboa de Cima, Genaro de Carvalho (1974) e Procópio Ferreira, a Vida no Palco (1977) – este último contou, em seus preparativos, com uma inusitada apresentação da Mocidade Alegre no Teatro Municipal de São Paulo, fechando um espetáculo em tributo ao grande ator e dramaturgo. Ultimamente, o Departamento Cultural também tem sido freqüentemente requisitado para acompanhamento de trabalhos, dissertações e teses, mostrando um grande movimento de redescoberta da cultura popular pelo meio acadêmico.

No início dos anos 70 a Escola manteve a tradição de apresentar enredos sobre São Paulo. No final da década de 70 e início dos 80 predominaram temas relacionados à cultura negra, marca que até hoje se faz presente no imaginário de seus sambistas, sejam os mais tradicionais ou os mais jovens.

A minha, a sua, a nossa Morada

Entre o campeonato de 1980 (Embaixadas de Sonho e Bamba – A Festa do povo) e o de 2004 (Do Além-Mar à Terra da Garoa, Salve essa Gente Boa!) foram 23 anos de ostracismo. Mas isso não significou que a Mocidade não tenha chegado perto desses títulos: foi vice-campeã em 1981, 1988 e 2003. E chegou ao terceiro lugar em 1993, 1996 e 2000.

O carnaval transformava-se ano após ano, mostrando-se cada vez mais competitivo. E a escola também foi se transformando: sambistas de muito talento foram para outras agremiações, outros de fora chegaram para dar sua contribuição. Mas a grande característica da Mocidade, a de formar sambistas, continuou predominante.

Dois carnavais marcaram profundamente a história da escola neste período: o de 1987 e o de 1988. Em 1987, ao homenagear o radialista Moraes Sarmento, a Mocidade fez uma justiça com a história de um homem que sempre defendeu a cultura popular e teve importante participação na oficialização dos desfiles das escolas de samba de São Paulo, junto ao prefeito Faria Lima. Um desfile marcado pela suntuosidade e pela renovação do conceito de fantasia e de alegoria.

Já em 1988, outro carnaval histórico. Desta vez homenageando o cientista e poeta Paulo Vanzolini. Figura querida tanto no meio artístico quanto no meio acadêmico, Vanzolini era diretor do Museu de Zoologia da USP e autor de músicas antológicas como Ronda, Juízo Final e Volta por Cima. O desfile rendeu à Morada do Samba um honroso vice-campeonato.

Em 1989, foi criada a Velha Guarda, batizada pelo próprio presidente e embaixador do samba Juarez da Cruz.

Renascendo para um novo dia

Em 1992, o presidente Juarez da Cruz passou o cargo para seu irmão, Carlos Augusto Cruz Bichara. Durante a gestão do Sr. Carlos foi criado o Grupo Miscigenação, com a intenção de produzir shows temáticos para apresentações em empresas, eventos e turismo receptivo.

O presidente Carlos Augusto Cruz Bichara faleceu em 1998, sendo substituído pela sua filha Elaine Cristina. O processo de retomada do crescimento da escola continuava: o Departamento de Eventos, o Departamento Jovem e a bateria, agora já conhecida pelo nome de “Ritmo Puro” passaram a ter forte atuação e mobilizaram um grande número de jovens na comunidade. Houve mudanças significativas na produção artística visual também: um grande número de artistas amazonenses, formados no Festival Folclórico de Parintins, passou a atuar no barracão, revolucionando as alegorias.

A “Lei do Psiu” fez com que, em 2001, as eliminatórias e ensaios passassem a acontecer nas tardes de domingo, o que só fez aumentar a característica de ambiente familiar que marca a escola.

O vice-campeonato de 2003 (Omi-Água, Berço da Civilização Yorubá) foi festejado como se fosse um campeonato. Era a coroação de um trabalho árduo e dedicado de sambistas apaixonados após anos de experimentações, acertos e erros.

“A vitória vem da luta… a luta vem da força… e a força, da união!”

Uma onda de otimismo e resgate da auto-estima dominava os diversos segmentos da escola logo após o vice-campeonato de 2003. A presidente Elaine afastou-se do cargo para cuidar de problemas de saúde e empossou a então vice-presidente, sua irmã Solange Cruz Bichara Rezende.

Enfrentando dificuldades financeiras, Solange iniciou sua gestão canalizando sua forte personalidade e a empolgação dos diversos segmentos em prol da qualidade máxima em todos os quesitos. O trabalho incansável e persistente da nova diretoria resultou em um antológico campeonato já em seu primeiro carnaval (2004), com o enredo Do Além-mar à Terra da Garoa, Salve Essa Gente Boa. A Cidade de São Paulo comemorava seus 450 anos e a Morada do Samba finalmente fez-se campeã, depois de um jejum de 23 anos sem títulos.

A criatividade, a poesia e a emoção superaram a falta de luxo dos primeiros carnavais desta gestão.

No campo da responsabilidade social, os projetos sócio-culturais foram multiplicados e reforçados, através de parcerias consistentes. As oficinas, que a princípio eram apenas de formação de sambistas, passaram também a oferecer formação profissional, e transformaram a Morada do Samba em um verdadeiro campus.

Em 2005, com o enredo Clara Claridade, Um Canto de Luz no Ilê da Mocidade a agremiação ficou em terceiro lugar. Mesma colocação conquistada no ano seguinte, com o enredo Das Lágrimas de Iaty surge o Rio, do Imaginário Indígena a Saga de Opara. Para os Olhos do Mundo um Símbolo de Integração Nacional: Rio São Francisco.

O sexto campeonato da escola veio em 2007 com o enredo Posso ser Inocente, Debochado e Irreverente. Afinal, sou o Riso dessa Gente. Mais um campeonato conquistado com pouco luxo, mas com muita vibração e disciplina. Logo após o carnaval, foi reativado o Departamento Cultural, que imediatamente começou a planejar os festejos de 40 anos de fundação e o desenvolvimento dos enredos para os carnavais seguintes.

O carnaval de 2008 foi um verdadeiro divisor de águas, com visível modernização na concepção visual da escola e grande credibilidade de parceiros comerciais e culturais. Com o enredo Seja Bem-Vindo a São Paulo, Sabe Por Quê? Porque São Paulo é Tudo de Bom! a escola obteve a mesma pontuação que a campeã Vai-Vai, mas terminou em segundo lugar devido ao critério de desempate. Outro fato que marcou o ano de 2008 foi o grande investimento no turismo receptivo na escola, com formação técnica de diversos integrantes, e melhorias estruturais na quadra – como a construção de camarotes e obras de acessibilidade para portadores de necessidades especiais.

Um carnaval nunca é igual ao outro. E mudanças são sempre necessárias: para 2009, a figura do carnavalesco foi substituída por uma Comissão de Carnaval. O enredo Da Chama da Razão ao Palco das Emoções, Sou Máquina, Sou Vida, Sou Coração Pulsando Forte na Avenida foi mais que compreendido e interpretado pelos sambistas da Morada, que conquistaram o sétimo campeonato. Em pleno anúncio do campeonato, o presidente de Honra Juarez da Cruz passou mal, vindo a falecer uma semana depois.

A comoção com a partida do Baluarte-Mór dominou a comunidade, que não descansou após o carnaval e começou cedo a trabalhar para 2010. O enredo Da Criação do Universo ao Sonho Eterno do Criador… Eu Sou Espelho e Me Espelho em Quem me Criou!!! Durante os preparativos para esse luxuoso carnaval, foi criado o Departamento de Marketing e a Mocidade Alegre recebeu o Premio Top Qualidade do Brasil. O desfile emocionante fez com que a Morada do Samba recebesse a maior somatória de notas dos jurados. Mas havia o descarte de notas, que resultou em um honroso segundo lugar.

Para 2011, a Morada do Samba preparou o belíssimo enredo Carrossel das Ilusões. O luxuoso desfile foi prejudicado pela quebra, ainda na concentração, do carro alegórico que representava o cinema em terceira dimensão. A falta da alegoria no desfile foi motivo de notas baixas no quesito Enredo, deixando a escola em sétimo lugar na apuração.

O enredo escolhido para o carnaval 2012 (Ojuobá – No Céu, os Olhos do Rei. Na Terra, a Morada dos Milagres. No Coração… um Obá Muito Amado) fez um tributo ao centenário de Jorge Amado através de seu livro preferido (Tenda dos Milagres). Faltando pouco mais de um mês para o desfile, um incêndio de grandes proporções atingiu o barracão, não deixando feridos. A comunidade uniu-se à diretoria em mutirão, para que todo o projeto de carnaval fosse cumprido. A garra e a união resultaram em um belíssimo desfile, campeão, marcando o oitavo título da escola.

O desafio para 2013 foi conquistar o bicampeonato, que não vinha desde 1972. O irreverente enredo A Sedução me Fez Provar, me Entregar à Tentação… Da Versão Original, Qual Será o Final? tratou os pecados capitais como uma redenção, inventou novos fins para velhas histórias e sonhou com um futuro de paz entre os povos. Os grupos cênicos foram a tônica de um desfile vibrante que levantou as arquibancadas e mais uma vez credenciou a Escola do Limão entre as favoritas. O bicampeonato só foi confirmado na última nota e a comemoração, na Quadra social, marcou o último evento da Mocidade Alegre no tradicional endereço da Av. Casa Verde.

A Morada do Samba estava orgulhosa de mudar de sua antiga quadra (inaugurada e fechada após campeonatos) e de estrear sua nova Quadra Social com mais um campeonato. Com o alto grau e competitividade que vem marcando o desfile das escolas de samba nos últimos anos, é praticamente impossível uma agremiação ser tricampeã. E, em se tratando de impossível, nenhum tema seria mais pertinente que a Fé. Com o enredo Andar com Fé Eu Vou, Que a Fé Não Costuma Falhar foi um achado para a escola poder ser, mais uma vez, ela mesma. Durante os preparativos, um novo incêndio, dessa vez em seu escritório, levou à prova o comprometimento da comunidade e sua própria fé: em poucas semanas, a escola estava funcionando normalmente, graças a mutirões. O histórico desfile de 2014 – em que a escola toda se ajoelhava por diversas vezes em plena avenida – credenciou o segundo tricampeonato.

Em 2015, o enredo Nos Palcos da Vida… Uma Vida no Palco: Marília homenageou a vida e a obra de uma das maiores atrizes do país – Marília Pêra. O requinte das fantasias e das alegorias, aliado à organização e disciplina de diversos segmentos da escola, a manteve no pódio, com um honroso vice-campeonato.

Para o carnaval de 2016 e a Mocidade Alegre desenvolveu o enredo Ayọ – A Alma Ancestral do Samba, celebrando o centenário do ritmo que mais simboliza o Brasil a partir da lenda de Ayọ, orixá que representa o som dos tambores e a alegria contagiante que eles propagam. O desfile exuberante e com muitas convenções da Bateria Ritmo Puro que arrebataram o público rendeu à escola o terceiro lugar.

Comemorando seus 50 anos de fundação, os sambistas do Limão apresentaram o enredo “A Vitória vem da Luta, A Luta vem da Força, e a Força… Da União!”, baseado na frase que é o lema da atual gestão da escola. Apesar da grandiosidade e da correção do desfile, a apuração das notas revelou um sexto lugar.

A escola vem preparado, para o carnaval 2018, o enredo “A Voz Marrom que não Deixa o Samba Morrer”, um tributo à cantora Alcione desenvolvido pela Comissão de Carnaval e pelo Departamento Cultural

Tradição, modernidade e alegria

A Mocidade Alegre é a escola que está a mais tempo desfilando, ininterruptamente, no Grupo Especial (desde 1971) e já soma dez campeonatos. Os bons resultados dos últimos carnavais não desviam a atenção da atual diretoria que, além da responsabilidade de sempre apresentar um carnaval competitivo, trabalha na construção de uma sede própria, definitiva e à altura da grandeza que sua comunidade atingiu.

Além do notório apuro artístico, a escola zela pela sua responsabilidade social, administrativa, financeira, jurídica, contábil e cultural, com grande integração entre os integrantes militantes e os profissionais da casa. Outra integração fundamental ocorre entre a tradição e a modernidade, visto que a escola precisa estar atenta às novas necessidades do carnaval, a cada ano mais arrojado, mas sem jamais perder o referencial de suas tradições, suas raízes e, principalmente, de sua identidade.

O compromisso de disputar o campeonato todas as vezes em que entrar na avenida marcam a atual realidade da Mocidade Alegre, que apesar de todas as mudanças não se desprendeu de seu objetivo maior, plantado há cinco décadas por seu fundador: ser a Morada do Samba, um espaço onde qualquer sambista, de qualquer agremiação, possa se sentir em casa.

Texto: Departamento Cultural

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